Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre RUÍDO URBANO, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Barulho nosso de cada dia



Em São Paulo, os ruídos da vida moderna são um tormento, mesmo durante a noite. O barulho nosso de cada dia ameaça o sono e a saúde dos paulistanos. Os sintomas logo aparecem: estamos ficando surdos cada vez mais cedo.
Depois de um dia de trabalho, o que se quer é descansar, retomar as energias para o dia seguinte e deixar pra trás o estresse e a ansiedade. Este é um desejo nem sempre satisfeito.

A culpa é do barulho. Dentro ou fora de casa, às vezes não há como fugir do barulho. Os sintomas logo aparecem: estamos ficando surdos cada vez mais cedo.

Às 20h, os meninos bem que poderiam estar na cama. “Os vizinhos reclamam muito, ainda mais quando é bem de noite assim. E eles gritam, tacam copo, tacam varias coisas, ficam nervosos”, conta uma criança.

Em uma cidade grande, algazarra de criança é o menor dos problemas. “O ônibus faz barulho. Isso incomoda”, aponta uma senhora.

Antônio é caminhoneiro há mais de 30 anos. “Eu acho que estou atrapalhado. Essa poluição sonora está me deixando louco”, comenta.

O barulho provoca um estado de alerta constante. “São dez horas com esse barulho de motor no ouvido, sem contar o barulho que vem da janela”, comenta um motorista de ônibus.

A poluição sonora pode levar à ansiedade e à depressão. “O barulho do portão me incomoda muito. A gente até se espanta. Vai passando e, de repente, aciona o alarme. A gente fica espantado”, diz um jovem.

Irritação, nervosismo e insônia são comuns. “A gente vai para a cama e fica um tempão. Só depois de um tempo que você consegue dormir. A adrenalina abaixa e você consegue dormir”, conta outro jovem.

A sensação é de ouvido tampado e tontura. “Quando chega o momento que a gente fica sozinha a gente percebe o zumbido no ouvido”, diz uma paulistana

“Se você considerar os ruídos ao longo da vida vão agredindo a sua orelha e você não tem uma reposição das células ciliadas, que são responsáveis pela audição, qualquer agressão ao longo da vida vai trazer conseqüências”, explica o médico Arnaldo Guilherme.

Em uma cidade do tamanho de São Paulo, nem sempre a noite é sinal de sossego. Para não atrapalhar o trânsito, uma obra pública só pode ser executada a partir das 22h e só termina de manhã, quando os moradores da região estão se preparando para ir ao trabalho. A construção fica na esquina de um dos maiores hospitais de São Paulo.

“Eles têm que fazer alguma coisa. A obra tem que ser feita talvez de alguma outra forma”

“Se eu morasse aqui perto, eu estaria mais estressada. É terrível”, diz uma motorista.

Segundo os médicos, as novas gerações estão ficando surdas cada vez mais cedo.

“Há uma cultura para o barulho. O que nós deveríamos ter, realmente, é uma cultura para o silêncio para nos acostumarmos e entendermos que essa situação é irreversível. E só vai ser realmente detectada quando você se sentir surdo, e aí não tem mais retorno”, acrescenta o médico Arnaldo Guilherme.

Essa barulheira atrapalha até quem acabou de nascer. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que bebês prematuros que estão internados na UTI estão expostos a ruídos que ultrapassam os 80 decibéis. O barulho provocar problemas de audição no bebê.


Fonte: Bom Dia Brasil - 09/10/07